04/09/2008

Cascata


Arte: João Werner.


Há um travo na garganta
e um travão nos olhos.


Um metro de lâmina
e uma granula de ópio.


Há uma palavra não-dita
e um silêncio gritante.


Uma ponte escondida
e um chinelo azul verdejante.


Há uma roda viva
e um mar morto


Uma verdade esculpida
e um cavalo solto.


Há coisas para serem ditas
umas - outras – melhoradas...


Uma lágrima fingida
um riacho cheio d'alma:

sebo
nervo
alheio

em cascata.




**Agradecimento:

Agradeço ao artista plástico
João Werner que, gentilmente, publicou o poema Cascata em seu site como documentação de sua bela aquarela "Na Beira do Rio".

Disponível em:

http://www.joaowerner.com.br/images/morte/beira_do_rio.htm


"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)